eu sei que isso não é algo muito comum, mas eu realmente preciso falar da beleza do meu pai.

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Na CASA da minha mãe tem uma fotografia que sempre me faz rir.
Ao meu lado, como que do meu tamanho, meu pai. No alto, de pé, você.
No centro da foto, uma menina distraída diante de um mundo inteiro. Cair em CACOs, engolir sapos, quebrar cabeças, prender o ventre, chorar pitangas, queimar os dedos. Existe um infinito entre nós duas e ainda assim, ou talvez por ser assim, somos FAMILIA. E se me diz que eu vou ficar bem, se me dá todo o seu tempo sussurrando orações para que eu não perceba que o sol não esteve lá a noite inteira e se me levantar tão alto que eu não possa ver você chorar quando a porta se fechar atrás de mim. Eu fico pensando se você seria capaz de ir... Na tal fotografia da CASA da minha mãe eu me desafiava nas brincadeiras mais longas e ganhava na frente do espelho, derrotada. Vestindo escondido o seu anel de casamento, trancada do lado de fora, eu ria gritando das nossas diferenças e da sua culpa por meu mundo CACOfônico. Era divertido berrar, numa espécie de apnéia, o que pra mim era o maior dos desafio. VOCÊ SERIA CAPAZ DE IR? Quando volto, no silencio da memória presente, eu consigo ouvir o som do seu choro atrás da porta e sentir o sussurro dos teus desejos notívagos no meu cabelo. Faz muito tempo que eu não esqueço a chave de casa.

1 Comentário:

taianã mello disse...

livremente inspirado em Butterffly.
Letra e tradução em: http://www.vagalume.com.br/corinne-bailey-rae/butterfly-traducao.html

 

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