Nosso espetáculo, por um bem maior:

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Ele aponta questões, desenvolve algumas e outras deixa em aberto. Ele é, em sua maioridade e exterioridade, movimento. Apresenta o passar de corpos de um lado para o outro. Cria e apaga trajetórias no espaço. São variações de uma mesma imagem, atravessadas. Você sente quando a cena rasga? Argh! Ela corta como uma serra elétrica a cem por cento. Alguma coisa nos diz que algo se instaura... perdura, mas depois precisamos correr, subir, descer, cavar outros e novos espaços. Ele é assumidamente plástico e, por isso, precisa ser exato, compreendido e estudado: pedacinho por caquinho ou vice e versa. Mais do que compreender o seu tempo, o individual, é preciso que se compreenda o tempo do caco, da junção dele com outro e mais outro e neste mesmo movimento fazer o esforço para compreender o tempo do espetáculo. Ele é ousado, atrevido, fala baixo e grita. Ele debocha, dobra, ri e dá sorrisinho de canto de boca. Ele pode parecer simples, bobo, mas não é. É sim singelo, "tímido", rapidinho para não atrapalhar ninguém e, por isso, exuberante em seu detalhe. Ele é água que passa, banho de água fria no calor ou quentinha no inverno. Ele é casa, é todo dia e, talvez também por isso, tão difícil de se atingir. Ele dança, se locomove, treme e toma choque. São imagens. Ele é a variação de rítmos encontrados ao folhear um álbum de fotografias: para algumas fotos - atenção, olho macro - para outras - olhos de canto, passo o olho - para ainda outras - olho micro, no alcance do nariz de uma saudade. No sofá, com este álbum na mão, vislumbra-se a decupagem da partitura exposta. Ou seja: para frente, para trás, mais perto, mais longe, de lado, de costas, deixa eu ver melhor ou essa foto todo mundo já conhece? Casa é o lugar de onde partimos ou inventamos um imaginário de casa que gostaríamos que fosse o nosso lugar de origem? Por essas e por outras ele também é culpa, culpado, dor, abraço partido e choro escondido. Por essas e por outras é nervoso, borboletas na barriga, o primeiro amor, a nova paixão, toda casa é coração. É como o passar de uma onda que recolhe e renova. Ele é o que ainda está por vir e o que hoje batizamos como. Mas ele tem um nome e lugar. Pelo menos foi o que tentei aqui esboçar para mim, para vocês e para a gente.

carinho.

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