Um ano com CACO.

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Faço um esforço para me lembrar agora. Acho que nos encontramos pela primeira vez em agosto de 2010 para dar início a este novo trabalho. A Bel com certeza deve saber a data certa. Sinto saudades. De lá para cá, mais de um ano já passou. Sinto saudades. Fico feliz e vibro em ver o crescimento (amadurecimento artístico) de todos vocês e o meu também. 

O assunto de uma das minhas provas para o mestrado era: utopia. Vocês, talvez muito mais do que outras pessoas, devem saber que não costumo ser muito aberto para os assuntos abstratos (harebôs) e, por isso, este momento possa soar um pouco paradoxal. Mas preciso afirmar que encontro a utopia (ou a possibilidade dela) quando me encontro com vocês.

As crianças lá de casa são assim. Assim feito vocês: filhos difíceis, partos naturais que, ao longo da vida, vão amenizando a dor e valorizando o suor. As crianças lá de casa são também, e muitas vezes, minhas mães e meu pai. Do que me orgulho? Me orgulho de ter vocês por perto, de criar perto e compartilhar perto.

Em Patos de Minas, quando anunciaram os indicados para a categoria de "melhor direção" fui tomado por uma sensação confusa e lúcida que ainda não sei muito bem como por em palavras. Algo me dizia: "se você ganhar Caio, este prêmio não é só seu". Anunciaram "CACO" como vencedor e o meu corpo explodiu feito um vulcão. "Subam todos!", eu disse. E assim todos o fizeram. Desde que voltamos de viagem, pensei muitas vezes sobre este momento e sou agradecido por essa espécie de "conselho" que recebi.

Lá, em cima daquele palco, legitimamos nossa pesquisa, nosso trabalho e a busca incansável por uma linguagem que, confesso, pode nunca vir a se firmar como tal. Se tenho medo? Não sei. Não sei muitas coisas e acredito que foi movidos por este não saber que erguemos este espetáculo: CACO. Um cão se foi para ser transformado em obra de arte. Piada interna, segredos nossos e só nossos. Memória. Repertório. Mochila. Como é bom ter um melhor amigo, como é bom dividir, reflito agora. 

Tudo é difícil. "Tudo dói". A vida é difícil, o dinheiro é pouco e fazer o supermercado é cada dia mais caro. Mesmo assim, depois de tudo isso, escolhemos seguir o árduo caminho da arte. E agora José? E agora Maria? E agora eu também não sei. Sigamos então, acorrentados por este não saber e rumo ao nada! Eu não tenho medo do escuro e acredito que se estivermos juntos vocês também não terão.

Todos os trabalhos feitos com carinho e dedicação são especiais. Mas o que sinto por CACO vai além disso, além de qualquer palavra porque mora na casa da vibração. Penso  na obra, a observo e vejo o quanto ela ainda tem para dizer. O quanto ela ainda é reflexo da criança que para sempre irá morar no adulto que buscamos ser. O nosso repertório é real, não tem ilusão. Talvez, por isso, a obra consiga chegar tão perto das pessoas. Vamos assim: pequenos, miúdos, plantando hoje para colher sabe Deus lá quando. E quando é para sempre.

7 de dezembro de 2011 - hoje faz um ano que estreamos este espetáculo. Feliz ano novo!

amor,

Caio Riscado.

Cláudia Capello fala sobre CACO

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Caco – possível produção de memória para o espaço da casa

Brinquedos espalhados, vídeos antigos de festas de família, aquela música que me lembra o colega com quem nunca dancei... reminiscências.

O espaço do palco, transformado em espaço que a casa ocupa na memória, resgata experiências, sensações, dores e alegrias. Cacos de acontecimentos que se convertem em lembranças, muitas vezes, nostálgicas.

As vozes são jovens, os corpos, vibrantes. É uma geração reconstruindo a memória do que ainda vai viver. A montagem de Caco é uma homenagem à reminiscência do porvir. É um time de jovens, representando para todas as gerações, mas, sobretudo, dialogando de forma singular com sua própria geração.

A construção da obra de arte calcada na reminiscência é um exercício que exige precisão e sensibilidade, a um só tempo. A memória, matéria fluida e suspeita, tem de ser levada a rédea curta para não se perder de si.

Lembro-me sempre de Angústia, do Graciliano Ramos, quando penso sobre a reminiscência no texto literário. As sensações revividas, o resgate dos momentos em que matar deixa de ser uma certeza e se transforma em um fantasma que nunca irá embora. O texto, primoroso, nos engole e nos insufla toda a angústia que toma conta da vida da personagem.

Além do mais, lembrar pode ser doloroso. Construir a lembrança, então, não é tarefa qualquer. Carece de um equilíbrio quase impossível entre frieza e destempero, uma mescla improvável de paixão e razão.

Sentada na plateia de Caco, me dei conta de que estava diante de um momento muito especial para todos os que estavam lá: os atores, que juntavam os fios do tecido; o palco, que coloria o bordado; a direção, que precisara o risco do que seria construído. E saí de lá cheia de memória... Revivi a certeza de que o teatro, qual em seu nascedouro, é a representação da vida. E a vida é, no fim das contas, toda ela, reminiscência.

Cláudia Capello
Doutora em Literatura Comparada, professora da UERJ
e coordenadora pedagógica do FGV Online

André Carreira fala sobre CACO

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Caco – possível produção de memória para o espaço da casa

O espetáculo CACO nos oferece um contato com uma proposta contemporânea. Sua linguagem explicita o desejo de não se submeter à lógica de um teatro tradicional para falar do universo familiar. Cacos do lar nos são oferecidos como possibilidade de se ver o panorama da vida em família. Fragmentos, sobreposições, recortes quebrados, azulejos descolados, memórias descontínuas, sem uma tentativa clara de costura que organize para o espectador nenhuma alternativa de sentidos explícitos. Um espetáculo que não concede. Uma encenação que sugere, oferece, põe sobre a mesa o material com o qual o espectador deve armar sua própria versão, ou linha lógica para uma “compreensão” ou elaboração de um sentido. É bom lembrar que esse processo interpretativo autônomo do espectador é o que caracteriza nossa atual forma de recepção de todo espetáculo, pois, os estudos da recepção, e especialmente, da semiótica (de Barthes, Anne Ubersfeld até Pavis) nos ensinam isso. Não nos esqueçamos que o próprio espetáculo brinca com os nomes de alguns desses estudiosos. Ah, teoria cansativa e enfadonha que segue nos ajudando a ler nossa experiência cotidiana.

Caco é no teatro um pedaço de texto incluído pela improvisação do ator. Aquilo que agregamos com quase sempre com o fim de introduzir um momento de humor. Mas este Caco – o espetáculo -, não se introduz como busca da coisa engraçada, pois, tem a aparente vontade de deixar claro ideias sobre família. Na perspectiva do grupo a única coisa que podemos ter sobre a estrutura familiar são cacos?

O mecanismo de linguagem proposto pelo espetáculo – fragmentado e prenhe de subjetividade - aborda um mundo, um contexto, insinuado, mas nunca completamente explicitado. Dessa forma, a montagem coloca em cena uma profusão de elementos, informações e situações que se apresentam como excessivas. Temos tanta informação que finalmente nos resta menos oportunidade para poder nos vincular mais profundamente com os segmentos do espetáculo. Isso dificulta que o espectador possa relacionar os tipos apresentados e as situações da “família”. O fragmento do fragmento termina por se desintegrar. Em tal fragmentação, os quadros de atuação e de dança vão se intercalando, ou se justapondo de modo sem realmente criar um ritmo que alimente um lugar para o espectador na trama, como se a cena se bastasse, se auto alimentasse. Ainda assim, essa fragmentação que se apresenta como interessante e instigante carece de uma repercussão que se acumule nos atores e impregne cada momento dentro da linha de cenas ou episódios. Há uma exceção que fica visível no elenco. Uma atriz realiza um percurso que se destaca como possibilidade de que as rupturas e os cacos constituam, finalmente, um material. Impossível não estar atento a esse acontecimento, isto é, à transformação e manutenção no desenvolver do espetáculo. Há nesse exemplo uma hipótese para a direção: ver a fragmentação (a justaposição de cacos) como matéria de algo que também pode ser percebido como estruturante, afinal, a família se quebra uma e outra vez, mas aqui estamos nós falando de famílias novamente.

André Carreira
Diretor teatral, jurado do FETO 2011 e professor da UDESC

Matéria sobre CACO para a Cobertura Colaborativa do FETO

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"Espetáculo do Rio de Janeiro deixa o público mineiro maravilhado - Quais as possibilidades do imaginário coletivo? Até onde ele pode ir? Quais ferramentas são utilizadas para tirá-lo do lugar comum?"

Clique aqui para ler na íntegra.

Análise do espetáculo no FETO - BH - 2011

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Depois de passar por Patos de Minas, CACO se apresenta hoje em BH, no Galpão Cine Horto, do Grupo Galpão! Que lindo espaço! 


E essa semana continua a temporada no Teatro Glaucio Gill, quinta e sexta-feira, sempre as 20:00 horas!

Outubro

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Cronograma de Outubro

> 13 de outubro > viagem para Patos de Minas > 15 de outubro > CACO em Patos de Minas > 16 de outubro > retorno ao rio

> 20 e 21 de outubro > CACO no Teatro Glaucio Gill, RJ

> 23 de outubro > viagem para BH > 24 de outubro > CACO em BH > 25 de outubro > retorno ao rio

> 27 e 28 de outubro > CACO no Teatro Glaucio Gill, RJ

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Outubro chegou e eu lembrei de vocês. Sinto falta das horas perdidas em respostas longas a perguntas absurdas. Texto coletivo. Daqui a pouco agente viaja... Que chegue logos patos, fetos, teatros e corpus.

BH, em breve, estamos por aí!

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Queridos todos, CACO foi também selecionado para o FETO - Festival Estudantil de Teatro de BH.

Simbora minha gente!

que seja doce.


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PATOS DE MINAS

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CACO foi selecionado para o Festival de Teatro Universitário de Patos de Minas!

Alegria meu povo!

façamos!

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Saudade da sala de ensaio

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foto: Michelle Moezam

Sim, nós fomos contemplados!

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E a primeira vez a gente nunca esquece..

Um brinde e um parabéns pra você!

Cintia Luando fala sobre CACO

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Aos amigos de CACO...

Aos Donos da casa...

E a própria casa, suas portas, telas e janelas que falam:



- Tenho que dizer! Quando me dei conta, estava mergulhada na mesma piscina que eles. De vez em quando, batia a cabeça em algum azulejo azul e infantil. Às vezes, saía sangue... E às vezes, mel. Mamãe gritava sempre! Papai gritava sempre! E meus irmãos eram um saco. E todo mundo se amava sempre, no nosso lar de nebulosas. Papai e mamãe romperam suas relações. E eu, rompi as paredes! Agora, sou grande! Dono da minha vida... E os gritos que ouço agora são os meus gritos. Mas ainda sinto muita falta desde que o coelho se foi. Ainda choro! Não sei em quem colocar a culpa. Mas ainda sinto falta, ok? Então entre aqui e me espera, ok? Eu já volto! Já volto, ok? Entra aqui... Bem dentro do que eu tenho de fundo, e respira... Vamos por um momento esquecer os números que somos, e respirar as nossas memórias da casa que hoje cheira a mofo. Vamos viver de teatro, vamos ser atores... Vamos brincar o resto das nossas vidas... Vamos construir a nossa casa, que é o nosso corpo e o nosso amor! Vamos! Caco! Caco! Ai... Que saudades eu tenho do Caco! Estou emocionado... E não aprendi na infância a represar os olhos!



- Pequena e humilde leitura minha de CACO - possível produção de memória para o espaço da casa- um espetáculo incrível que os amigos fizeram tão bem, que me senti "em casa" ! -



Parabéns à Fred Araújo, Aline Vargas, Bel Flaksman, Bernardo Lorga, Gunnar Borges, Isadora malta, Marília Nunes, Rafael Lorga, Taianã Mello... ao diretor do espetáculo: Caio Riscado, e a todos os envolvidos nessa atmosfera sensível, e maravilhosa que tem essa casa.Um beijo no coração de todos vocês!



Cintia Luando
amiga

É amanhã!

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Faliny Barros fala sobre CACO

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Caco é um mosaico. Assisti ao espetáculo como quem gira lentamente um caleidoscópio e, em cada cena, me identificava ou me comovia com todas aquelas memórias / reflexões sobre os modelos afetivos que todos temos na vida, e cada um a sua maneira segue, questiona, admira ou repudia dependendo das circunstâncias.É um trabalho sensível e potente sobre os ritos de passagem da infância e adolescência para vida adulta realizado a partir de uma dramaturgia sintonizada com o nosso tempo, cheia de recortes, interferências, dúvidas, excesso de informação, onde a cronologia perde completamente a importância e a é a capacidade de fruição de cada fragmento é que determina a empatia com o espetáculo.O cenário formado por objetos de uso cotidiano, o expressivo trabalho de corpo e a bela trilha sonora amplificam o talento dos atores/autores que se dobram e desdobram costurados com precisão pela linha fina e delicada da direção de Caio Riscado.Para mim foi um presente.

Faliny Barros
Produtora Cultural

Gabriela Lírio fala sobre CACO

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CACO é um espetáculo que tece fragmentos da vida dos atores e do diretor Caio Riscado. CACO é um convite à infância e a constatação da morte das coisas: a morte da pureza, a morte dos modelos de pai e mãe, a morte do amor idealizado, a morte das relações que são descortinadas à medida que temos de enfrentá-las. O enfrentamento nos leva ao risco, à beira do abismo, à falta de sentido, à desrazão , ao questionamento de nossa condição humana na delicada passagem da adolescências para a idade adulta. Uma adolescência hoje “alargada” pela dificuldade de ser independente, não só economicamente, mas também ser independente das figuras de autoridade que nunca foram vistas como tal. A diferença é respeitada pelo diretor que, de forma sensível e inteligente, constrói uma dramaturgia de afetos, baseada em depoimentos e na descoberta de que corpos que, guardando suas especificidades, provenientes de suas memórias tão físicas e, por isso mesmo, legítimas, reverberam em choques sucessivos de realidades. CACO se inscreve na falta, na percepção de que a vida adulta não traz repostas, e sim mais e mais perguntas. É preciso esquecer para lembrar. É preciso ver CACO como uma viagem ao tempo futuro. O futuro é o passado que ainda não aconteceu, disse uma vez uma enigmática Clarice Lispector. Penso em como a memória é um presente duplo, presente do tempo e de arte da presença. Para mim, CACO é um belo, poético, ritual de passagem. Criado na delicadeza, pleno de afeto e desejo. Foi um prazer nosso encontro!


Gabriela Lírio
Professora Doutora da UFRJ e orientadora do espetáculo

Diogo Liberano fala sobre CACO

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Meses após ter assistido ao espetáculo CACO - POSSÍVEL PRODUÇÃO DE MEMÓRIA PARA O ESPAÇO DA CASA, ainda é difícil dizer do mesmo por vias muito claras e livres de alguma sensação sem nome ou certo estremecimento. Em que lugar se insere uma obra que não é facilmente acomodada dentre as classificações disponíveis por ai? Depois de pensar, de desistir do pensamento, de tentar sentir apenas o que foi sentido, resta apenas a constatação plena do movimento. É dele que tudo parte e rumo a ele que tudo se dirige.

Qual é o corpo da memória? Qual é o corpo da memória que não o meu próprio, quintal onde ela se refaz e vira história? Possível produção de memória para os espaços das casas, no plural, sim, pois são muitas dentro de uma só. Muitas semelhanças, muitos gestos, muitas idas e voltas, muitos cortes e tardes ao redor da mesa recheada de copos e eletrodomésticos.

Um espetáculo autoral que vai sem medo rumo ao centro de cada um dos artistas-criadores-dançarinos-atores-e-filhos-sobretudo. E de cada íntimo desse ali explodido, nos vemos em comunhão seja com um nome, com um gesto, com uma falta ou num sorriso. Nos vemos em suspensão com a ousadia daquilo que até então eu julgava ser segredo meu apenas. Então, realizo... A minha família é mais sua do que minha. A minha solidão é mais vasta do que eu poderia supor. Meus irmãos moram fora de casa e eu nem disso sabia.

Fragmentos, cores, varais sem fim para tanta coisa que não poderia ser esquecida. Espaço da casa que recebe e ao mesmo tempo que agoniza: quer explodir. A casa queria não ter paredes mas sim pernas capazes de dançar. O filho não queria ser filho ele queria apenas ser música. Será que alguém pode calar a boca e deixá-lo se pintar?

Eu não sei dizer de conceitos, nem listar referências quiçá catalogar o espetáculo em correntes e poéticas mil. Falo apenas do suor escorrendo o rosto próximo a mim; falo da confissão também a mim endereçada; falo do desejo da brincadeira que explode o desejo concreto no meio da sala; falo das cores do plástico dos baldes e do tremeluzir. Falo do beijo que não veio. Falo de tudo aquilo que trouxe a mim algo que hoje eu percebo que não deveria ter deixado partir.

Eu suma: da poesia, do ventilador, falo sobretudo de todas as vozes que preenchem o espaço vazio do palco com uma trama sem fim cosida a movimento. Um lindo trabalho, grave agudo leve e seguro. Direto e feito tiro preciso rumo à indefinição das coisas. Não há culpa. Há apenas escolhas. Possível produção de memória para o espaço do corpo e que se estende para além da apresentação indo embora comigo e criando cabana dentro de mim, afinal, uma casa que não corre o risco de cair não é bem uma casa.

É um prazer imenso convidar e receber este espetáculo dentro da programação de encerramento da ocupação artística Câmbio do Teatro Estadual Glaucio Gill. Sem dúvida alguma, trata-se de um espetáculo-chave para marcar com frescor e potência a produção teatral universitária carioca que, aos poucos, precisa ganhar a cidade.


Diogo Liberano
Diretor teatral do Teatro Inominável e Curador Universitário da Ocupação Artística CÂMBIO do Teatro Glaucio Gill

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ÚNICA APRESENTAÇÃO.

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Em breve, CACO se apresenta mais uma vez. Voltamos logo com mais informações! YES!

é para o seu filho?

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hoje andando na rua escutem o que a andamos tentando dizer!
Uma mulher olha fala: "anda logo, tem 3 coisas que você precisa fazer, alinhar os ombros com as orelhas, esticar a coluna e as pernas, olhar pra frente. Andar com elegância". Por um segundo imaginei que atrás de mim e da mulher que diz havia um senhora, talvez a mãe, daquela que diz, que estaria talvez com dificuldades de andar, querendo voltar a aprender como se faz isso de forma elegante. No segundo seguinte passa do meu lado uma garota linda, bufando a raiva de uma mãe. A menina era tão linda que voltei a olhar pra mãe, aquela que diz, e consegui ver beleza, só por causa da elegância de sua filha, voltei a olhar. Os olhos da filha (aquela que mais tarde descobri que ouvia) pareciam tristes e seu bufar significava angústia.Isso a mãe não viu, nem olhou pra trás, aliás, não via nada e perdeu de vista aquela beleza torta.

É para o seu filho que você arregaça os dentes?

Foi a Padu que mandou:

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Tempo do meu corpo-casa.

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Para falar da transormação da casa nossa em mim.

Sintonia para pressa
e presságio

Paulo Leminski

Escrevia no espaço.
Hoje,grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Sôo na dúvida de quem separa
o silêncio de quem grita
do escandâlo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.

O início de tudo.

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