Ideias líquidas.

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(O que o vídeo me faz pensar).
Cortes de pensamentos também se apresentam em movimentos e toda a multiplicidade de gestos. O que não foge mesmo é pensar em rasgar, romper e traçar. Tudo de fato parece o dedo que indica a dor, ou só caminho mesmo. E no que isso se condensa em imaginação é uma rede de trajetos que liga e se separa ao mesmo tempo. Toda casa esconde seus encanamentos e tudo vira linha debaixo da terra-cimento que delimita caminhos. Não se sabe- e nem eu até agora- é que tudo o que une não é estrutura, e sim aquilo que se torna essencial. Disso que penso agora é a água. De repente me pareceu elementar e trasnbordou a elemento. Meu elemento nesta casa é a água (do cano). A começar por aquelas águas que batem nas bordas, pias e dão choques em rostos que acabaram de acordar, e bochechar aos escovar os dentes que nos força a dar pequenos sorrisos logo de manhã. Estranhamente infantil. Penso depois em cubos de gelo, estado de rigidez e solidificação dos enquadramentos e ordens, perfeitos cubos que, quase à força de quebrar a fôrma de gelo, escorrem pelo chão deixando rastro quente daquilo que foi gelado. Água é espelho de narciso.
Quando tudo chega ao limite penso naquilo que transborda, por que água não gosta de limite e existe algo que delimita espaço. Água de enxente não escolhe caminhos, sai lambendo portas e corredores.
Lava Lava Lava que água é suja, que água limpa! Da piscina pós-sexo, da máquina de lavar. Quieto, eu acompanho o mesmo sentido do fluxo que o fim é o mesmo e o ralo também.
Água na taça para a mesa 1. Água com gás e bolhas para a mesa 2. Água tônica para a mesa 3.
Água que sai em gotas do cuspe da boca que baba e cospe e que seca a água no canto da boca e que enche a boca d´agua para falar.
E agora submersão. Pensar que a água da bolsa é água de aquário. Tudo ambienta seres, líquidamente suspenso no espaço. Talvez gota e brisa, chuva e tempestade, contração e expansão, peixe e embrião, feminino e masculino.
Para que toda ela seja suor, sempre.

3 comentários:

Caio Riscado disse...

para que toda idéia se manifeste assim: bele como pode e deve ser. água para nossos corpos, dança e encontros. água para para liquefazer todo e qualquer sentimento. suor. calor. que calor.

Isadora Malta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Isadora Malta disse...

daquilo que não se explica, da casa e seus moradores, de algo que tem nome e se perdeu entre quatro paredes, mas que é achado em cantoneiras caneladas, cafés da manhã com café frio, sofás com estofado rasgado...

minha peixa grávida, o parto do filho homem e você escrevendo essas coisas.

dura e azul.

 

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