CACO no XII Festival de Teatro Arte Em Cena - Volta Redonda

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Nos dias 28 e 29 de junho daremos uma oficina no festival.

No mesmo dia 29, as 20:00, apresentamos CACO.



VEM GENTE!

CACO na Mostra Unirio

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Texto de Dâmaris Grün para a Revista Questão de Crítica

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 "Fico muito feliz quando vejo um trabalho de jovens recém formados (o que se estende a toda a ficha-técnica, desde diretor, atores, figurinista, cenógrafo e produtor) que antes de “acertar o alvo” ou de fazer um trabalho que se pretende “acabado” experimenta suas novas formas de criação teatral, evidenciando uma postura artística e uma forma singular de fazer teatro."

Dâmaris Grün, na Revista Questão de Crítica (clique para ler a crítica inteira)

Um ano com CACO.

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Faço um esforço para me lembrar agora. Acho que nos encontramos pela primeira vez em agosto de 2010 para dar início a este novo trabalho. A Bel com certeza deve saber a data certa. Sinto saudades. De lá para cá, mais de um ano já passou. Sinto saudades. Fico feliz e vibro em ver o crescimento (amadurecimento artístico) de todos vocês e o meu também. 

O assunto de uma das minhas provas para o mestrado era: utopia. Vocês, talvez muito mais do que outras pessoas, devem saber que não costumo ser muito aberto para os assuntos abstratos (harebôs) e, por isso, este momento possa soar um pouco paradoxal. Mas preciso afirmar que encontro a utopia (ou a possibilidade dela) quando me encontro com vocês.

As crianças lá de casa são assim. Assim feito vocês: filhos difíceis, partos naturais que, ao longo da vida, vão amenizando a dor e valorizando o suor. As crianças lá de casa são também, e muitas vezes, minhas mães e meu pai. Do que me orgulho? Me orgulho de ter vocês por perto, de criar perto e compartilhar perto.

Em Patos de Minas, quando anunciaram os indicados para a categoria de "melhor direção" fui tomado por uma sensação confusa e lúcida que ainda não sei muito bem como por em palavras. Algo me dizia: "se você ganhar Caio, este prêmio não é só seu". Anunciaram "CACO" como vencedor e o meu corpo explodiu feito um vulcão. "Subam todos!", eu disse. E assim todos o fizeram. Desde que voltamos de viagem, pensei muitas vezes sobre este momento e sou agradecido por essa espécie de "conselho" que recebi.

Lá, em cima daquele palco, legitimamos nossa pesquisa, nosso trabalho e a busca incansável por uma linguagem que, confesso, pode nunca vir a se firmar como tal. Se tenho medo? Não sei. Não sei muitas coisas e acredito que foi movidos por este não saber que erguemos este espetáculo: CACO. Um cão se foi para ser transformado em obra de arte. Piada interna, segredos nossos e só nossos. Memória. Repertório. Mochila. Como é bom ter um melhor amigo, como é bom dividir, reflito agora. 

Tudo é difícil. "Tudo dói". A vida é difícil, o dinheiro é pouco e fazer o supermercado é cada dia mais caro. Mesmo assim, depois de tudo isso, escolhemos seguir o árduo caminho da arte. E agora José? E agora Maria? E agora eu também não sei. Sigamos então, acorrentados por este não saber e rumo ao nada! Eu não tenho medo do escuro e acredito que se estivermos juntos vocês também não terão.

Todos os trabalhos feitos com carinho e dedicação são especiais. Mas o que sinto por CACO vai além disso, além de qualquer palavra porque mora na casa da vibração. Penso  na obra, a observo e vejo o quanto ela ainda tem para dizer. O quanto ela ainda é reflexo da criança que para sempre irá morar no adulto que buscamos ser. O nosso repertório é real, não tem ilusão. Talvez, por isso, a obra consiga chegar tão perto das pessoas. Vamos assim: pequenos, miúdos, plantando hoje para colher sabe Deus lá quando. E quando é para sempre.

7 de dezembro de 2011 - hoje faz um ano que estreamos este espetáculo. Feliz ano novo!

amor,

Caio Riscado.

Cláudia Capello fala sobre CACO

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Caco – possível produção de memória para o espaço da casa

Brinquedos espalhados, vídeos antigos de festas de família, aquela música que me lembra o colega com quem nunca dancei... reminiscências.

O espaço do palco, transformado em espaço que a casa ocupa na memória, resgata experiências, sensações, dores e alegrias. Cacos de acontecimentos que se convertem em lembranças, muitas vezes, nostálgicas.

As vozes são jovens, os corpos, vibrantes. É uma geração reconstruindo a memória do que ainda vai viver. A montagem de Caco é uma homenagem à reminiscência do porvir. É um time de jovens, representando para todas as gerações, mas, sobretudo, dialogando de forma singular com sua própria geração.

A construção da obra de arte calcada na reminiscência é um exercício que exige precisão e sensibilidade, a um só tempo. A memória, matéria fluida e suspeita, tem de ser levada a rédea curta para não se perder de si.

Lembro-me sempre de Angústia, do Graciliano Ramos, quando penso sobre a reminiscência no texto literário. As sensações revividas, o resgate dos momentos em que matar deixa de ser uma certeza e se transforma em um fantasma que nunca irá embora. O texto, primoroso, nos engole e nos insufla toda a angústia que toma conta da vida da personagem.

Além do mais, lembrar pode ser doloroso. Construir a lembrança, então, não é tarefa qualquer. Carece de um equilíbrio quase impossível entre frieza e destempero, uma mescla improvável de paixão e razão.

Sentada na plateia de Caco, me dei conta de que estava diante de um momento muito especial para todos os que estavam lá: os atores, que juntavam os fios do tecido; o palco, que coloria o bordado; a direção, que precisara o risco do que seria construído. E saí de lá cheia de memória... Revivi a certeza de que o teatro, qual em seu nascedouro, é a representação da vida. E a vida é, no fim das contas, toda ela, reminiscência.

Cláudia Capello
Doutora em Literatura Comparada, professora da UERJ
e coordenadora pedagógica do FGV Online

 

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